Livro: O Gênio Céltico e o Mundo Invisível
Autor: Léon Denis
(Tours, 22 de maio de 1926)
A vida dos planetas, como a dos indivíduos, deve passar por fases sucessivas e, conforme essas fases, a homogeneidade dos fluidos é mais ou menos destruída ou respeitada. Vossa Terra entrou, no seu percurso, em contato com uma das grandes correntes que constituem as artérias da vida universal. Essa corrente é extremamente poderosa e vai produzir efeitos diferentes, conforme a natureza dos seres. Os espíritos de ordem inferior, que permanecem entre vosso planeta e essa corrente, não podem suportar a atração fluídica que dela se desprende, originando o afastamento automático desses seres em direção à matéria. Sua influência motivará uma recrudescência das paixões inferiores.
Quanto aos terráqueos que se comprazem na meditação e recorrem às forças e às aspirações superiores, os eflúvios dessa corrente os atingirão e é por aí que eles receberão as intuições e as comunicações. Acrescentarei que essa corrente vital tem a propriedade de manter, no Espaço, a vida espiritual e perispiritual e, sobre a Terra, a de esclarecer as consciências evoluídas.
Vós podeis, então, constatar sobre vossa Terra, no momento atual, uma queda de todas as crenças elevadas e também um afluxo do misticismo. É porque vossos estudos sobre o Celtismo vêm na hora certa e espero que a corrente de que falo possa ajudar, reanimando as consciências, ao fazer brilhar a centelha das anterioridades.
Vós sabeis que um dos principais elementos de vossa raça é o Celtismo, que se formou na época da constituição da Terra, quando os primeiros seres humanos apareceram. O Celtismo é, na realidade, uma projeção de centelhas provenientes de um dos feixes da vida universal.
Cada raça é influenciada por um feixe diferente, feixe cujas radiações se adaptam a certas partes do solo conforme a sua natureza.
Quando o vosso planeta ainda estava em formação, suas diferentes camadas já se encontravam em relação direta, por vibrações, com certos feixes das artéria que animam o grande todo.
É por isso que cada raça conservou, no âmago de sua subconsciência, a centelha geradora que anima as primeiras manifestações da vida. Cada raça possui, então, qualidades diferentes. O ser deve adquiri-las todas na seqüência do tempo, em uma ordem sucessiva, e para isso deve passar pelos meios dominados por tal virtude ou tal paixão. Notemos que a paixão não é mais uma virtude e que a virtude se altera, quando a emanação fluídica é maculada de ondas que podem empanar o seu brilho.
Não vos falarei da composição química das ondas que geraram a centelha primária que anima cada povo e cada ser. A França sempre conservou a sua centelha primitiva. De acordo com o estudo da vossa história e da vossa pré-história, a França, apesar de certas deformações, viu persistir, através dos séculos, as virtudes da raça. Estas são:
•atividade cerebral sustentada;
•consciência no indivíduo de seu automatismo integral;
•necessidade de misticismo e de ideal, mesmo quando a consciência do indivíduo se desviou;
•luta constante entre a paixão e o ideal.
Tais são as características de vossa raça. Sobre todo o território encontram-se essas qualidades fundamentais e as paixões aí são mais ou menos idênticas. Na origem, foram as radiações vindas do oeste que influenciaram o vosso país.
Se, do espaço, vós tivésseis seguido a gênese de um mundo, vós veríeis que, antes que ele fosse libertado, uma espécie de rede fluídica, carregando a essência nutritiva, o envolvia. O pólo vibratório que nutre a vossa raça ligou-se ao vosso planeta no sul da Bretagne. Nesta época, é verdade, não havia nem a Bretagne, nem a Gália, mas somente uma camada gasosa e homogênea, as vibrações se estendiam do sul ao norte, na forma de um leque, e entraram em contato nessa direção com a camada gasosa. Esse estado de coisas durou em todo período de transformação da crosta e, quando os primeiros seres humanos apareceram, eles foram impregnados por essas radiações.
Essa radiação primária que atingiu vosso país transmitiu-se através das gerações e das existências, porque cada ser carrega consigo, no seu subconsciente, a centelha vital produzida pelo primeiro impulso.
Atualmente, seja na Bretagne ou sobre as costas inglesas do sudeste, encontram-se as mesmas características de aspirações e de apego ao solo, que provam que as vibrações são as mesmas em toda essa região, enquanto que, quanto mais se afasta do centro-oeste, mais se constata que a pureza do sentimento celta se enfraquece.
Em resumo, o Celtismo corresponde, então, ao ponto de chegada de uma corrente, retirada das artérias da vida universal, e que penetrou no envoltório terrestre desde a sua formação, bem no centro-oeste. Daí as centelhas vitais que dormitam sempre na consciência francesa.
Allan Kardec