Livro: O Gênio Céltico e o Mundo Invisível
Autor: Léon Denis
(Tours, 15 de janeiro de 1926)
Sou feliz por vir até vós, pois experimento uma satisfação moral, um prazer real, ao me sentir bem adaptado aos seres que desenvolvem radiações sensivelmente idênticas às do meu perispírito. Isto nos mostra que é preciso a adaptação fluídica para se poder compreender, trocar pensamentos e observações, conforme os lugares nos quais se quer descer. Cada indivíduo projeta uma radiação em relação com o número de suas existências; e a riqueza molecular de seus fluidos, que compõem seu “eu” psíquico, está igualmente em razão direta dos trabalhos, das provas sofridas e do esforço continuado durante suas existências, seja em um mundo, seja no espaço.
Acrescento que me é particularmente agradável descer nesta região da França, que amei e habitei materialmente, desde a Armorique até Maurienne.
Cada torrão formou para mim imagens que jamais se apagarão. Como celta, me impregnei dessa mística que tinha trazido de modo palpitante do espaço. Depois, em minha penúltima existência, na Savoie, adquiri a resistência moral que me foi necessária para ensinar a doutrina que vós conheceis.
Mas, inicialmente, falemos da existência pela qual me fixei na Bretagne, e que foi como a vida inicial, projetando, no meu ser, a centelha da vida universal. Esta centelha brilhou mais ou menos durante minhas diferentes vidas, conforme eu procurava adquirir uma ou outra qualidade, aproximando-se, mais ou menos, da matéria ou do espírito.
Há pessoas que não podem admitir as vidas sucessivas. Para elas a faísca iniciadora fica velada, porque a vida material as absorve inteiramente. Há existências de fé, há existências de trabalho, que é uma lei imutável, um dos princípios fundamentais, que o ser se desenvolva através das alternativas para recolher os germes benfeitores que devem ajudá-lo a progredir nos espaços.
Deus projetou a parcela de luz que é a alma, e esta radiação do pensamento divino deve chegar, por transformações e crescimentos sucessivos, a formar um foco radiante que contribuirá para a manutenção e o equilíbrio da atmosfera dos mundos. É este um preceito de ordem geral que indica a necessidade da pluralidade das vidas.
As primeiras sociedades humanas que povoaram vossa Terra trouxeram o esquema das civilizações futuras; em certos lugares a iniciação espiritual foi bastante avançada; os egípcios, os celtas, os gregos, por exemplo, levaram com eles os focos radiantes que paralisavam forças materiais. Os elementos do progresso já foram por eles estabelecidos em vosso globo. O vai-e-vem dos seres que viverão, ora na sua superfície, ora no espaço, poderá, desde então, prosseguir, com regularidade. Os recém-chegados, conforme o seu grau de evolução, procederão de grupos pertencentes a mundos inferiores, existentes ou desaparecidos. Estas considerações de ordem geral eram necessárias antes de falar mais especialmente da França, de sua influência fluídica e de sua irradiação no mundo.
A idéia céltica é a sua própria essência; ela emana do foco divino e representa o espírito de pureza na raça; ela deve iluminar, através dos séculos, a alma nacional. É o impulso para as esferas superiores, o conhecimento inicial do foco divino, a sobrevivência do pensamento, a correlação das almas e dos mundos, a orientação em direção a um alvo que deve tornar-se claro e preciso de acordo com a nossa evolução.
O Celtismo é o raio que assinala o caminho para os estudos psíquicos futuros. É sobre ele que está enxertado, no vosso país, o pensamento do Cristianismo, como o Cristianismo havia se impregnado dessa outra radiação: o misticismo oriental.
Existem em vosso mundo certos pontos fluidicamente privilegiados, que são como espelhos, condensadores e refletores de fluidos, destinados a fazer vibrar as mentes e os corações dos povos do planeta. Sobre esses pontos, três focos se iluminaram: o foco oriental, nas Índias; o foco cristão, na Palestina, e o foco céltico, no ocidente e no norte.
Ao estudar a gênese dos fenômenos que concretizaram as doutrinas, vê-se que a causa superior é sempre a mesma e que vosso planeta recebe essas correntes, ou feixes de ondas superiores, que são as artérias verdadeiras da vida universal.
Para a vossa evolução, agora se produz um novo foco radiante de pensamento, que mostrará à humanidade toda a beleza, a grandeza e a potência da obra divina.
Allan Kardec