Livro: O Gênio Céltico e o Mundo Invisível
Autor: Léon Denis
(Tours, 09 de julho de 1926)
Os celtas foram os primeiros padres da espiritualidade. Estas foram as palavras de um dos grandes dignitários da Igreja, Leão XIII, que tive a oportunidade de encontrar no espaço e que me comunicou este pensamento; eu dou muita importância a essas palavras e elas provam que a visão do Espaço é mais clara do que a da Terra.
A respeito das pretendidas origens orientais dos celtas, certos historiadores se enganaram. Eu vos disse que um raio fluídico tocou o ocidente, na vizinhança da Bretagne, quando da formação da Terra, raio que transmitiu os elementos necessários da vida universal. Mais de um raio semelhante atingiu o vosso planeta.
Muitas dessas correntes tinham fundamentos distintos, ainda que a velocidade das vibrações fosse a mesma. Notai que, se do lado ocidental existe a bela luz espiritual céltica, não se deve deixar de constatar que no oriente, e mesmo no extremo-oriente, existe um misticismo muito elevado que se pode assemelhar, entre os japoneses, por exemplo, com certas crenças célticas
Sob o ponto de vista da raça, vós tendes elementos terrestres que se relacionam aos da Bretagne. Devido ao duplo fenômeno das radiações, os seres humanos, igualmente tocados pelas radiações do espaço e por aquelas de seu solo natal, podem apresentar as mesmas características, em graus diferentes daqueles de outras raças. É assim que existe, entre o camponês bretão e o camponês do sul da Rússia, na Ucrânia, por exemplo, características análogas: veneração da Natureza, ligação ao solo, confiança nativa no sobrenatural. Não há, então, nada de surpreendente em que certos escritores, que não conhecem os fenômenos da vida magnética e extraterrestre, tenham ficado simplesmente chocados por essas analogias e levados a classificar muitas raças num único tipo.
Mas pode acontecer que, entre dois raios elevados, haja nascimento de seres quase selvagens ou organizados de modo rudimentar. Vós tendes uma prova na presença de raças selvagens, como os hunos, fixados na Hungria, e mais ao Norte os povos germânicos; no início, essas tribos se achavam colocadas a igual distância do raio celta e do raio oriental.
Cada raça evoluída se acha sob a ação do raio regenerador, depois se estende em ondas humanas em volta desse raio até que este encontre as ondas vindas de um outro raio. E isso explica as diferenças de raças, porque entre o raio céltico (eu o cito porque ele está mais perto de vós) de uma ordem espiritual muito elevada, e o raio oriental, de igual ordem, existem, além deles, outros raios que têm uma outra característica, cuja luminosidade é rica em número de cores e cujas vibrações são mais pesadas.
Esses raios representam a coragem brutal, a força dominadora, e vós tendes o testemunho entre os germanos e húngaros. Daí os choques entre as correntes e, por conseqüência, a luta das raças. Essas correntes sempre existem, mas se transformam durante os séculos; elas fornecem aos homens o alimento e a assimilação do pensamento conforme o seu grau de evolução e a natureza do seu solo.
Certamente, os seres humanos, colocados entre os dois raios superiores, podem chegar, seja individualmente, seja em grupo, a se afirmar e a assimilar mais elementos vibratórios superiores do que no início. É uma questão de consciência no sentido absoluto da palavra, e também de elevação pessoal.
A natureza dos raios evoluiu muito desde o início da vida autônoma de vosso planeta. Os grandes raios espirituais elevados não têm mais a força regeneradora de outrora, e mesmo os raios primários menos espiritualizados foram transformados; daí as flutuações de cada raça. Vós achais em cada povo épocas de elevação espiritual, alternando com períodos de influências materiais. É a lei de trabalho absoluto e sem coação.
A França atualmente nos parece, do Espaço, sempre envolvida de raios provenientes de esferas muito elevadas, mas que parecem encobertos de uma espécie de vapor vindo das emanações terrestres materiais. É por isso que vós tendes, no momento atual, em vosso país, choques que não se produziam entre os celtas que se impregnavam e obtinham suas diretrizes das próprias fontes da natureza.
Os dois grandes raios de que falei continuam a enviar seus fluidos vitais que devem manter nas consciências humanas a crença no invisível, na sobrevivência e também na força divina criadora da grande vida. Na Inglaterra existe uma dupla corrente que sempre nos indica a proximidade do raio que gerou o Celtismo:
1ª) confiança da sociedade culta na existência do ser invisível;
2ª) misticismo na classe popular.
Os seres refratários a esta dupla corrente ficam presos aos gozos materiais e repelem a doutrina superior.
Encontrei, ultimamente, na Inglaterra famílias que possuem uma fé sincera e profunda na bondade divina, aceitando a sobrevivência superior e orando no silêncio da natureza. Essas famílias mantinham ainda viva a chama céltica, não maculada pelas gerações. Fiquei muitíssimo impressionado pelos espíritos que vinham ao redor dessas pessoas para sustentar a chama de sua consciência.
Na Bretagne Francesa também existe uma pequena chama, mas ela é mais vacilante, porque o ambiente das radiações vizinhas prejudica a sua elevação para o Alto. No centro da França subsistem, entre vossos camponeses, parcelas de fé céltica, fixadas no subconsciente; elas se revelam entre certos pacientes por uma expressão de candura e de sinceridade na oração, único elemento que ficou das radiações célticas. Nas vossas cidades este elemento desapareceu devido à influência materialista.
O raio céltico e o oriental não são os únicos raios elevados que devem transmitir a alta espiritualidade para os homens. Há um muito bom na Escandinávia, um outro no Egito, vindo do golfo Pérsico, que se prolonga no norte da África até o Atlântico. Os raios céltico, escandinavo e oriental são os mais puros. O raio celta é mais fluídico, mas o escandinavo possui mais cor. O raio oriental é, ao mesmo tempo, composto da cor azul do celta e da cor do sol dourado representando a força na crença mística.
Vossos filósofos e historiadores ficaram chocados pelas analogias que existem entre as influências das diversas correntes e colocaram o berço dos celtas em pontos diferentes.
Allan Kardec